sábado, 5 de dezembro de 2009

Vc lê Folha de SP?

Imagine alguém assinar um artigo, texto, seja que nome isso tem, dizendo que ouviu Otávio Frias Filho, o dono da Folha de S.Paulo, numa mesa de bar dizer que teve relações homossexuais na USP quando estudante ou que gostasse de cheirar cocaína em fechamento do jornal...
Alguém publicaria uma escrotice dessas? A Folha publicaria? Seria ouvido o personagem para que se defendesse?
Agora imagine receber um "artigo" de alguém que diz ter ouvido que o presidente da República, quando preso pela ditadura, tentou estuprar um companheiro de cela. Você publicaria sem consultar o acusado? Você publicaria sem checar isso com pessoas que estavam na mesma cela? Com pessoas que participaram do almoço em que o presidente teria dito isso?
Pois a Folha de S.Paulo, jornal que tenho vergonha de um dia ter assinado e lido por mais de uma década, publicou texto de César Benjamim dizendo isso, sem checar com ninguém.
Aqui não vale a desculpa de que o texto é de responsabilidade de quem escreveu. Como jornalista, já tive a oportunidade de mandar textos para a seção de debates do jornal. Eles leem cada linha e, quando não concordam com algo escrito, pedem para mudar.
Não tenha dúvida de que uma decisão dessas, de publicar algo pessoal em relação ao presidente da República, é tomada pelo próprio dono.
Torpe, sei lá que adjetivo usar. O que ficou claro é que caiu de vez a máscara da Folha e de seu diretor, se é que alguém ainda tivesse dúvida sobre seu caráter.
Piora muito o ato de pôr uma informação dessas na assinatura de um colaborador. É covardia, publica e diz que não tem nada a ver com aquilo.
E bota isso de contrabando em três páginas de texto sobre o filme recém-lançado com a biografia do presidente.
Não sei mais o que escrever. Só sinto nojo.

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